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O enxadrista Machado de Assis



Machado de Assis é amplamente reconhecido como um dos maiores escritores da literatura brasileira e mundial. Fundador da Academia Brasileira de Letras e autor de clássicos como *Dom Casmurro* e *Memórias Póstumas de Brás Cubas*, sua contribuição à cultura e à literatura é inestimável. No entanto, há um aspecto menos conhecido de sua vida: Machado de Assis também foi um entusiasta do xadrez e participou ativamente de torneios no Brasil. Em um episódio histórico, ele esteve presente no primeiro torneio de xadrez realizado no país, mostrando que, além de suas habilidades literárias, também dominava o tabuleiro de 64 casas.


O Xadrez no Brasil do Século XIX


No século XIX, o xadrez ainda era um esporte relativamente pouco popular no Brasil, embora estivesse crescendo em popularidade entre intelectuais e a elite da sociedade. Considerado um jogo de estratégia e raciocínio, o xadrez atraía mentes brilhantes e pensadores da época, incluindo escritores, políticos e artistas. O cenário cultural do Rio de Janeiro, capital do Império, já fervilhava com discussões sobre literatura, filosofia e ciência, e o xadrez logo se tornou uma atividade comum nos círculos intelectuais.


Machado de Assis, com sua mente analítica e amor pela literatura e pela lógica, foi naturalmente atraído pelo xadrez. Ele não apenas jogava regularmente, mas se envolveu em competições que reuniam outros jogadores destacados da sociedade carioca.


O Primeiro Torneio de Xadrez no Brasil


Em 1880, o primeiro torneio de xadrez oficialmente registrado no Brasil foi realizado no Rio de Janeiro, organizado pelo Club Ginástico Português. Foi um marco importante para o desenvolvimento do xadrez no país, e Machado de Assis, com seu prestígio intelectual, participou ativamente do evento. Sua presença no torneio refletia o interesse crescente da elite brasileira pelo xadrez e consolidava o esporte como uma forma de lazer e desafio intelectual.


Embora existam poucos registros detalhados sobre seu desempenho no torneio, a participação de Machado de Assis é significativa, pois mostra que ele via o xadrez não apenas como uma diversão, mas como uma extensão de suas atividades intelectuais. O xadrez, assim como a literatura, exigia concentração, paciência e habilidade estratégica, características que Machado certamente possuía em abundância.


Machado de Assis e o Xadrez: Um Encontro de Mentes


O fascínio de Machado de Assis pelo xadrez também é refletido em suas obras literárias. Embora ele nunca tenha escrito diretamente sobre o jogo, seus romances e contos frequentemente exploram a complexidade das relações humanas e os jogos de poder e manipulação psicológica, algo que se assemelha muito às estratégias utilizadas no tabuleiro de xadrez. Personagens como Bento Santiago, de *Dom Casmurro*, envolvem-se em intrincadas manobras emocionais, tal como em um jogo de xadrez, onde cada movimento tem consequências profundas.


Além disso, o xadrez também reflete a maneira como Machado de Assis via o mundo: um lugar de raciocínio profundo, onde as ações e decisões dos indivíduos têm repercussões duradouras. Sua obra revela uma mente aguçada e observadora, traços que o jogo de xadrez certamente ajudou a cultivar.


O Legado de Machado de Assis no Xadrez


Embora Machado de Assis seja lembrado principalmente por sua vasta produção literária, sua ligação com o xadrez adiciona uma dimensão fascinante à sua personalidade. Ele era, acima de tudo, um homem de múltiplos talentos, que via o raciocínio e a estratégia como pilares essenciais tanto na vida quanto nas artes. A participação de Machado no primeiro torneio de xadrez do Brasil é um testemunho de seu interesse por atividades intelectuais diversificadas e de seu desejo de envolver-se com os desafios de sua época.


Hoje, o xadrez é amplamente praticado e respeitado no Brasil, com o país produzindo grandes mestres e eventos internacionais de destaque. Embora a história do xadrez no Brasil tenha se expandido e evoluído muito desde o século XIX, o envolvimento de Machado de Assis nesse momento inicial é uma lembrança de que o esporte sempre esteve ligado a mentes criativas e inovadoras.


Conclusão


Machado de Assis é um dos maiores gênios da literatura mundial, e seu envolvimento com o xadrez é uma faceta menos conhecida, mas igualmente fascinante de sua vida. Participante do primeiro torneio de xadrez no Brasil, ele encontrou no jogo uma maneira de exercitar suas habilidades estratégicas e intelectuais, algo que se refletiu em sua obra literária e em sua visão de mundo. Sua ligação com o xadrez é um exemplo de como o esporte pode servir como uma ferramenta de raciocínio e reflexão, características que definiram tanto sua vida quanto seu legado duradouro.

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