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O Brigadeiro que virou doce




O brigadeiro, um dos doces mais icônicos da culinária brasileira, é presença garantida em festas, celebrações e encontros informais em todo o país. Seu sabor inconfundível, feito de leite condensado, chocolate e manteiga, conquistou paladares de gerações. No entanto, poucos sabem que o nome "brigadeiro" tem uma origem curiosa, ligada à campanha presidencial de 1945 do Brigadeiro Eduardo Gomes, um dos heróis da Aeronáutica brasileira.


A Eleição de 1945 e o Brigadeiro Eduardo Gomes


Em 1945, o Brasil vivia um momento de transição política após o fim do Estado Novo, regime ditatorial de Getúlio Vargas. Nesse cenário, uma eleição presidencial foi marcada para restaurar a democracia no país. Um dos candidatos mais notórios era o Brigadeiro Eduardo Gomes, um respeitado oficial da Aeronáutica, conhecido por sua participação no movimento Tenentista e por seu papel na Revolução Constitucionalista de 1932.


Eduardo Gomes concorria à presidência como representante da União Democrática Nacional (UDN), partido conservador de oposição a Vargas. Durante sua campanha, que visava angariar apoio popular, o brigadeiro se tornou símbolo de moralidade e patriotismo. Seu lema era: "Vote no Brigadeiro, que é bonito e solteiro", uma frase que buscava exaltar seu caráter de liderança e seu apelo ao eleitorado.


A Criação do Doce


Foi nesse contexto de efervescência política que o doce brigadeiro nasceu. Durante a campanha de Eduardo Gomes, as apoiadoras do candidato — muitas delas senhoras de alta sociedade e entusiastas do movimento — começaram a organizar eventos para arrecadar fundos. Em um desses encontros, surgiram docinhos feitos de uma mistura simples de leite condensado, chocolate e manteiga, enrolados em bolinhas e cobertos com granulados de chocolate. Esses doces rapidamente se tornaram populares nas festas de apoio ao brigadeiro, principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo.


A princípio, o doce foi chamado de "negrinho" em algumas regiões do Brasil, mas, devido à sua associação direta com a campanha do Brigadeiro Eduardo Gomes, o nome "brigadeiro" acabou prevalecendo. Embora Eduardo Gomes não tenha vencido a eleição — o candidato eleito foi o general Eurico Gaspar Dutra —, o doce que nasceu em sua campanha conquistou um lugar permanente na cultura gastronômica brasileira.


O Legado do Brigadeiro


Ao longo das décadas, o brigadeiro se consolidou como um símbolo do Brasil, transcendente ao contexto político em que foi criado. Sua simplicidade de ingredientes e sabor irresistível o tornaram indispensável em comemorações, desde festas infantis até casamentos e eventos corporativos. De sobremesa humilde e caseira, o brigadeiro passou a ter diversas variações sofisticadas, com versões gourmet que incorporam ingredientes como chocolate belga, cacau de alta qualidade e coberturas diversificadas.


Ainda que o Brigadeiro Eduardo Gomes não tenha chegado à presidência do Brasil, o doce que carrega seu nome permanece como uma doce lembrança de uma época importante da história política do país. Hoje, poucas pessoas associam o nome do doce ao militar, mas a história de sua origem é um lembrete curioso de como política e cultura podem se entrelaçar de maneiras inesperadas.


Conclusão


O brigadeiro, doce amado em todo o Brasil, tem uma origem diretamente ligada à política e ao contexto histórico de 1945. Nascido durante a campanha presidencial do Brigadeiro Eduardo Gomes, o doce inicialmente serviu como uma forma de apoiar o candidato, mas logo conquistou paladares muito além do ambiente eleitoral. Hoje, o brigadeiro é mais do que uma sobremesa: é parte da identidade cultural brasileira, provando que, às vezes, a história se manifesta de formas inesperadamente doces.

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